As vantagens do espírito empreendedor

As vantagens do espírito empreendedor.

Muito se discute a respeito da formação do empreendedor, da importância desta formação. Para o senso comum, as técnicas, os comportamentos, as maneiras de trabalhar o empreendedorismo, como a aquisição de ferramental teórico-prático para aplicação na área de negócios, são algumas das principais discussões a respeito da problemática.
Acreditamos que o empreendedor é alguém que vai além da utilização de tal ferramental. É aquele capaz de inovar, e não apenas seguir rotinas administrativas. Empreender pode não se limitar ao mundo dos negócios, e mesmo nele pode ser mais do que estabelecer e modelar comportamentos. Em nossa visão, empreender envolve ações que podem ser realizadas em diversos setores de atuação além do ambiente empresarial.
Em minha pesquisa de mestrado sobre a formação do sujeito empreendedor e em minhas palestras em empresas sobre a cultura empreendedora trago aspectos que desenvolvi com jovens estudantes na construção de suas carreiras.
O empreendedorismo aceita o complexo como base de sua implantação. Complexo, não no sentido de complicado, mas no sentido que a Edgar Morin, traz do grego, "complexus", aquilo que foi tecido junto e portanto de for dissociado, fragmentado, se perde.
O espírito empreendedor é um terreno de cultivo e criatividade, não é estático e nem se estabelece apenas pela introdução de ferramentas. Esse cultivo diz respeito, além do aprendizado contínuo, ao cuidado com cada parte, com o todo e suas relações. Criatividade pressupõe movimento, dinâmica, condições estas que são estreitamente ligadas ao espírito humano.
É um trabalhar com a audácia que é criativa, buscando o cuidado ético, relacionando as ações, contextos e agentes de forma integrada, humanizada, aguçando os olhares e o freqüente lidar com cenários diversos.
No que diz respeito ao ensino, à educação, vemos frequentemente que o conhecimento gira em torno dele mesmo, não se preocupando com o sujeito que vivencia ou deveria vivenciar o processo educacional. O olhar, exclusivamente técnico, traz a ilusão de que o acúmulo de conhecimento, a certificação ou o diploma sejam fins em si mesmos, independentemente do ambiente, da ação ou inação e outras pertinências do sujeito.
Esse olhar que pretendemos como humano, possibilita que o processo de formação leve em conta o sujeito com suas contradições, indecisões, virtudes, percepções e modos de perceber a vida.
A formação do empreendedor deve permitir o estímulo à aceitação da incerteza e o constante contato com desafios. A complexidade do mundo, da vida, necessita de processos de formação menos fragmentados, limitados por propostas com foco único. É fundamental conceber o ser humano além do executor como aquele produtor de resultados.
O que emerge disso é o que concebemos como humano. Essa vivência e experiência, em nossa visão, são importantes e devem ser consideradas na dinâmica de formação, particularmente para a elaboração do sujeito empreendedor.

PROF. VALTER BASTOS 


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